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Pensei nisso agora há pouco.

Quando alguém diz que vai fazer algo, mas faz o oposto, a confiança nessa pessoa pode ser abalada. Isso ocorre com maior probabilidade quando esse alguém fala de forma convincente, incisiva e até mesmo autoritária - no sentido de desprezar e denegrir pessoas/ideias que vão de encontro com as dele - a respeito do plano de ação inicial.

Esse tipo de situação contribuiu para a minada da minha vontade, da minha força e dos meus sonhos, mas falo sobre isso depois. Isso ocorreu especialmente quando se tratava de política. Um exemplo simples desses episódios é ouvir uma pessoa dizendo que apoia certa ideia e odeia certa ação, mas passado um tempo, vê-se essa mesma pessoa apoiando a ação que odiava e se opondo à ideia que apoiava.

Naturalmente, é algo compreensível - apesar de ser idiota por um lado e super hilário por outro - , pois estamos em busca da verdade e, muitas vezes, nos enganamos. Ainda assim, não deixa de ser frustrante, pois que garantias temos que depois da mudança de opinião/atitude haverá progresso e ordem no mundo, tanto o das ideias como o real? De que finalmente obtivemos a certeza, pelo menos naquele aspecto econômico, político ou moral, minúsculo que seja?

Parece-me que essa é a dualidade da nossa possível eterna luta para encontrar o melhor, o mais justo, isto é, o lado necessário dessa busca, pois estamos vivos e precisamos continuar tentando, e o lado decepcionante, que nos mostra como estamos errados muitas vezes e precisamos reconstruir nossas opiniões, crenças e até certezas do zero. Aqui coloco um lembrete para que eu não esqueça de falar sobre o problema com esse tipo de atitude no sentido de provocar, promover ou incentivar ações que estão baseadas em ideias que, mais tarde, revelaram-se incorretas, incompletas, etc.

Por esse motivo e por outros, tento ser cauteloso - aqui coloco o lembrete para que eu fale sobre o problema de ser cauteloso e o fato de muitas vezes precisarmos agir, isto é, há um evento e o interpretamos de uma determinada forma, mas isso não é o bastante, precisamos agir efetivamente, ou seja, existe a necessidade de se mover e fazer algo(muitas vezes nos sentimos assim porque existe um apelo muito grande e influente dos adeptos da ação de que ficar parado é compactuar com o lado errado da história ou com a injustiça e por aí vai. Naturalmente os opostos à ação não se sentirão obrigados a agir, pelo contrário, mas os indecisos e as pessoas em formação vão pensar sobre isso e o impacto desses discursos pode ser grande), mas também existe a incerteza. Além disso, não existe apenas uma forma de agir, quer dizer, outras pessoas dirão que a ação proposta vai agravar o problema, em vez de solucionar. Agir, então, leva consigo alguns problemas: incerteza do resultado muitas vezes, oposição tentando impedir a ação(e aí existem tantas que nem dá pra contar), a dualidade resultado positivo/negativo, que ocorre com frequência(até porque muitas soluções, senão todas, oferecem outros problemas, e aí existe uma questão subjetiva envolvida, pois o olhar de um adepto da solução muitas vezes é mais otimista do que o olhar de um opositor, quer dizer, os que condenam a ação não aceitam aqueles problemas, enquanto que os advogados da ação acreditam que aqueles problemas são naturais, mas, mais importante, melhores de lidar do que os problemas anteriores à ação). Mesmo que não encuquem com o resultado direto, os indiretos possivelmente serão apontados pela oposição como negativos.

Enfim, me perdi com tanta coisa pra dizer e tão poucos recursos para expressar kkk preciso fazer isso mais para adquirir prática e colocar para fora de forma mais clara e bem organizada.

Tento ser cauteloso, mas falho muitas vezes.






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