Sob determinado ponto de vista, para acompanhar uma formulação de Georges Duby, “todo o herético tornou-se tal por decisão das autoridades ortodoxas. Ele é antes de tudo um herético aos olhos dos outros” (DUBY, 1990, p. 177). Desta maneira, ninguém é herético em si mesmo, e qualquer fundador ou participante de algum comportamento ou prática que tenha vindo a ser considerado historicamente como uma heresia nada mais é do que alguém que, do seu próprio ponto de vista, julgava estar ele mesmo percorrendo o caminho correto. O herege não é designado "herege" senão porque alguém, investido de poder eclesiástico e institucional classificou a sua prática ou as suas ideias como destoantes e contrárias a uma ortodoxia oficial que se autopostula como o caminho correto (BARROS, 2007-2008, p. 125). Evidentemente, tal não é o pregado pela ortodoxia doutrinária. No caso do cristianismo, especificamente, enquanto doutrina cuja acepção tradicional baseia-se num arcabouço filosófico objetivista e absolutista (em oposição a subjetivista e relativista), a heresia é em si um desvio da verdade universal, de modo que mesmo se todos os seres humanos acreditarem num erro, ele não passará, por isso, a ser verdade.
Wikipedia, Heresia
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