A passeata de extrema-direita em Charlottesville, no Estado americano da Virgínia na última semana, em que palavras de ordem e bandeiras nazistas foram empunhadas, suscita inevitavelmente velhas questões: a democracia deve tolerar os intolerantes? Tais manifestações devem ser entendidas como ruins, porém toleráveis, pois seriam um custo de se viver em uma democracia? Ou deve haver limite à tais tipos de expressão? Há milênios, o filósofo grego Platão havia percebido um caso paradoxal na democracia: através de um processo democrático, a maioria poderia escolher ser governada por um tirano. Karl Popper chamou este problema de “paradoxo da democracia” ou “princípio da maioria” . Na Alemanha, por exemplo, após a maioria ter escolhido pelo voto o regime nazista, não há mais voto direto para presidente, mas por um colégio eleitoral criado apenas para esse fim. Popper percebeu que este tipo de paradoxo da democracia também ocorria em outros casos, como com a l...